segunda-feira, 11 de abril de 2016

GAYS NA POLÍTICA, IMPRENSA E CINEMA

A influência política LGBT passa pela imprensa e sétima arte.

Capa de divulgação do filme Milk - A voz da igualdade e do documentário #EU_JEANWYLLYS

  O filme, Milk – A voz da igualdade, do diretor Gus Van Sant é uma narrativa quase documental da vida de um ativista gay que vive em São Francisco na Califórnia nos anos 70, o ator Sean Penn vive Harvey Milk e o ator James Franco interpreta seu companheiro, Franco é conhecido por defender as causas LGBTs, apesar de não se definir como sendo gay. Milk na tentativa de levar uma vida normal com seu companheiro abre uma loja de fotografia no bairro Castro e ao ser vítima de preconceitos começa seu ativismo, depois de agressões, muita briga e algumas tentativas de conseguir um cargo público, consegue apoios importantes, até mesmo de conservadores, como Ronald Reagan e espaço na imprensa, afinal de contas o jornalismo já era uma atividade de mudança social e acompanhava as mudanças, pois não podia só acompanhar as regras da objetividade, Milk foi o primeiro gay assumido a conseguir um cargo político nos Estados Unidos.
     Existem cenas do filme que fazem lembrar de acontecimentos atuais no Brasil, além da semelhança de Milk com o deputado Jean Wyllys, hoje com as redes sociais muitos gays boicotam produtos ou empresários que se posicionem contra a homossexualidade, assim como Milk e seu grupo fizeram com alguns produtos, como o boicote que fizeram contra a cerveja Coors que rapidamente deixou de ser a cerveja mais vendida, já no Brasil O Boticário teve um aumento de vendas depois de um comercial com casal gay que foi criticado em redes sociais e logo a comunidade LGBT e simpatizantes reverteu a situação fazendo campanha para que comprassem os produtos, muitas matérias foram feitas sobre o caso.
     Em outra cena do filme gays sofrem agressões em bares e guetos LGBT’s, no Brasil no final do anos 70, jornais estampavam manchetes como “Operação Sapatão”, um deles em São Paulo, onde uma operação de um delegado chamado Richetti, prendia lésbicas que frequentavam um gueto lésbico existente desde os anos 60, a matéria era do jornalista Omar Cupini Jr.


     A luta de Milk que começou nos anos 70 teve um resultado talvez maior do que ele esperava mas que ainda não teve fim, mesmo com sua morte. Apesar de suas conquistas e hoje São Francisco ser considerada a cidade gay, onde a comunidade LGBT sente-se livre, apenas recentemente gays reconquistaram em alguns estados o direitos civis, um documentário de Ben Cotner e Ted Olson chamado “Prop 8: o casamento gay em julgamento” acompanha todo o processo de julgamentos sobre o casamento gay, mostrando casais ativistas que lutam por seus direitos, até o momento do primeiro casamento gay, mostrando inclusive o momento em que Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, liga para um dos ativistas e o parabeniza pela conquista, a repercussão na imprensa norte americana foi surpreendente, durante toda a saga dos advogados gays, antes mesmo da ligação de Obama.

     No Brasil o deputado Jean Wyllys conquistou boa parte da imprensa, não apenas por ser considerado um intelectual, mas também pelo fato de ter estudado jornalismo, um documentário sobre sua vida (#Eu_JeanWyllys), antes mesmo de finalizado já está rendendo matérias, críticas e polêmicas, além de abordar logicamente a questão gay, mostrará rituais de sua religião, o candomblé, e até isso vira motivo de críticas, a temática LGBT causa polêmica e com isso conquista leitores. Outro fato que o assemelha a história de Milk é sua luta contra políticos religiosos e conservadores, no caso do filme, Milk luta contra o conservadorismo da cantora Anita Bryant, que criou uma campanha chamada “Salvem nossas crianças”, Anita fazia parte de uma congregação religiosa, enquanto que Jean luta contra o conservadorismo de políticos e religiosos como Malafaia, Marco Feliciano e Jair Bolsonaro.



     Atualmente nos Estados Unidos, gays estão formando gangs para lutar contra o preconceito, um documentário sobre essa história está sendo lançado e tem o nome de “Check it”, a gang real do documentário é liderada por um ex-presidiário e estão até lançando uma marca de roupa, várias matérias sobre o assunto já circulam nos EUA e no Brasil, aqui existe relato de uma gang semelhante, mas nada confirmado, o que existem realmente são confirmações de gangs que perseguem gays e negros.
     A grande diferença do jornalismo atual é a influência da internet, o preconceito continua, grupos LGBTs estão obtendo conquistas, mas ainda com um longo caminho pela frente e acompanhando esse caminho segue a imprensa, não necessariamente lutando pela causa, mas sim, aproveitando as polêmicas, como casamento gay, adoção e até mesmo pedofilia, que algumas mídias insistem em associar com a temática LGBT, o que é um erro, erro tão gritante quanto usar a manchete “Operação Sapatão”.
     O jornalismo talvez pouco tenha mudado desde os anos 70, talvez tenha apenas sofrido adaptações junto com a sociedade e a tecnologia, mas o sensacionalismo continua e em muitas matérias ainda é possível ver o despreparo sobre a temática, levando muitas vezes ao desrespeito às questões de gênero, muitos jornalistas ainda insistem por exemplo, em escrever “o travesti” ou “o traveco”, sem levar em consideração que “traveco” é um termo pejorativo e preconceituoso, e como elas definem-se como mulheres, então o correto é escrever “a travesti” e além disso, saber as diferenças entre travestis, transexuais e etc, pesquisar sobre esse universo, é fundamental antes de realizar uma matéria jornalística.
     O filme sobre Milk teve imensa repercussão, ótimas críticas, não apenas da imprensa especializada, como de jornais e revistas com visão política que fizeram uma ótima avaliação desse longa documental, a revista Piauí é um exemplo de um bom destaque ao longa LGBT.

ABRAÇOS ORGULHOSOS!

Alex Tietre

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