A LEI DO BANHEIRO E OS IGNORANTES
Os ataques contra Dilma, PT e Jean Wyllys aliados a má divulgação das resoluções que garantem o uso do nome social e de banheiro público de acordo com a identidade de gênero.
Foto: Adaptação de cartaz do filme Transamérica.
Resolvi
escrever sobre esse assunto depois de ver uma matéria circulando pelas redes
sociais e gerando polêmica, principalmente porque a maioria só lia o título e
mesmo lendo o texto todo continuaria tendo uma visão errada, o que na verdade é
a real intenção do site “Cabral arrependido”, qualquer um com mínimo senso
crítico e inteligência, percebe que os responsáveis pelo site fazem campanha
contra o PT, a atual presidente e Jean Wyllys (PSOL), quero deixar claro que
meu propósito não é defender políticos e sim a comunidade LGBTTT (lésbicas,
gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros).
“Agora é Lei, um homem LGBT poderá usar o
mesmo Banheiro da sua Filha na Escola”, esse é o título da matéria usando foto
da Dilma e algumas vez também do deputado Jean Wyllys, é lógico que uma frase
como essa faz com que muitas pessoas, algumas já com tendências preconceituosas
e que não tenham nenhum entendimento sobre transexualidade acreditem que a
partir de agora homens poderão entrar no banheiro de suas filhas e mostrar o
pênis pra elas.
Antes de tentar esclarecer melhor o que a
lei propõe, quero deixar algumas perguntas que devem ser respondidas por e para vocês
mesmos.
- Se uma travesti ou trans não pode usar banheiro feminino, então pode usar o masculino, mesmo que tenha aparência feminina?
- Se você é macho e não quer uma travesti mijando do teu lado então ela pode usar o banheiro feminino?
- Se uma travesti define seu sexo como feminino mas não pode usar o banheiro feminino e usando o masculino corre risco de ser agredida, que banheiro deve usar?
- Criar uma outra opção de banheiro, como alguns sugerem, não geraria ainda mais custos as instituições, não seria uma forma de discriminação, isolamento ou de colocar à margem alguém que quer inclusão e não exclusão?
É fundamental deixar bem claro que o projeto é uma resolução do
Conselho Nacional de Combate à Discriminação que ORIENTA escolas e
universidades a reconhecerem e adotarem o nome social de travestis e transexuais,
além de garantir que a pessoa transgênero escolha qual banheiro ou vestiário
vai usar.
Para os pais de família que se preocupam
com o fato de ter alguém com pênis urinando ao lado de sua filha ou que heteros
passarão a usar banheiro feminino para abusar de meninas, seguem algumas
explicações bem claras e de fácil entendimento para ignorantes de plantão:
_ Em banheiros femininos não existem mictórios
com uma urinando ao lado da outra, portanto, sua filhinha não verá o pênis de
ninguém, só se ela quiser, é claro;
_ Sua
filha não correrá risco de ter um homem hetero usando o banheiro feminino com
más intenções, pra isso ele teria que passar a usar roupas femininas e se
comportar como tal;
_ Garanto
que se sua filha tiver uma boa educação e for bem esclarecida tanto na escola
quanto em casa, ela não terá preconceitos e até será uma ótima colega, com certeza
ela já deve ter algum amiguinho gay;
_
Uma pessoa trans ou travesti não vai querer entrar no banheiro feminino só para
ver a xoxotinha da sua filha, bem pelo contrário, a maioria quer distância;
A ativista trans Daniela Andrade para o
Portal Fórum, afirmou que não é o Estado que vai dizer qual o nome que deve ser
usado, mas sim a pessoa que reivindicar a alteração. “A identidade de gênero é
de autorreconhecimento soberano. Ninguém tem o direito de dizer que eu não sou
mulher. Só quem pode entender isso sou eu mesma. A Constituição define que o
Estado brasileiro vai prezar pela dignidade da pessoa humana. Será que é
possível tratar dignamente uma pessoa, que se reconhece como mulher e quer ser
chamada de Maria, chamando-a de João? e ressaltou também que a lei
de registros públicos – Lei 6.015, de 1973 – definiu que o nome civil poderia
ser mudado em algumas situações, como a exposição ao ridículo e disse ainda que
os deputados deviam se preocupar em legislar sobre saúde, educação, segurança,
em vez de se mobilizarem para derrubar direitos da população LGBT. “Eu queria
saber o que mais eles fazem além de agir contra os poucos direitos conquistados
por nós. Parece que vai acontecer a terceira guerra mundial, porque as pessoas
trans vão ter o direito de ser chamadas pelo seu nome social”.
Marco Feliciano e Jair Bolsonaro estão
entre os políticos que querem cassar a resolução, o que não nos surpreende,
afinal de contas não é á toa que são chamados de “fiscais de cu”, qualquer
projeto que seja para defender os direitos dos gays esses dois homofóbicos e a
bancada religiosa serão contra.
O que também me indigna, além dos
políticos que não entendem o quanto isso nos atinge e que nossos direitos não
afetam a vida dos heteros, desde que esses mesmos heteros tenham compreensão e
respeito por nós LGBTTTs, mas além disso o que realmente me entristece é ver
pessoas próximas, colegas, se posicionando contra a lei, sem mesmo entendê-la
ou sem tentar se colocar no lugar do outro, sem entender que algo que pra você,
cotidianamente é tão simples, como o nome na chamada ou poder usar banheiro
público, para outra pessoa é algo muito importante, não coloque seu
posicionamento político na frente do seu respeito, ser contra a Dilma ou PT não
pode fazer com que você seja contra qualquer projeto que faça parte do governo
atual, analise antes de mais nada se realmente o projeto te atinge e quais os
benefícios para o outro, pois independente se o outro é homem, mulher, gay ou
hetero, merece ser feliz.
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Abraços Orgulhosos!
Alex Tietre